terça-feira, 1 de julho de 2008

Projecto da nova centralidade de Brito

O que se pretende com este espaço virtual, é levar ao conhecimento dos cidadãos de Brito um projecto para uma nova centralidade da nossa Vila. Queremos assim que todos tenham conhecimento do que se pretende fazer e que cada um possa, de alguma forma, dar o seu contributo.
Quem quiser poderá passar pela sede da Junta de Freguesia para aí consultar os documentos.Caso o pretenda pode aumentar a resolução da imagem, clicando em cima da mesma, e depois guardá-la no seu computador ou imprimi-la.

No final das imagens transcrevemos o Relatório deste estudo prévio elaborado pelo arquitecto Paulo Pacheco.






"Esta intervenção, simultaneamente de cariz estratégico e de projecto urbano, incide sobre uma área territorial relativamente alargada, com características peri urbanas típicas de um meio com ocupação disseminada e pouco consolidada em termos de espaço público - é o caso da vila de Brito como o das demais vilas do Concelho de Guimarães (exclusão feita à vila das Taipas, pelas suas características históricas e de ocupação).
Um exercício deste género levanta, à partida, um sem-número de questões que, transversalmente, tocam todos os segmentos da presença e actividade humanas na área objecto de estudo. Significa isto que a responsabilidade dos agentes participantes não se limita à mera representação gráfica de intenções mais ou menos estruturantes mas pauta-se, sobretudo, pôr uma forte participação na construção de uma Ideia, numa (re)construção do (mundo) real.
Assim à equipa de projecto cumpre-lhe, não só assimilar as expectativas e programas apresentados conferindo-lhes a melhor concretização mas, sobretudo, apresentar soluções coerentes com um espírito crítico, observador e indutor de uma mudança de sentido positivo, capazes de preservar e recuperar qualidades ambientais, históricas, de identidade e sentido comunitário.
Vivemos uma época de profundas transformações! A um período de optimismo quase eufórico sucede-se uma vaga preocupante de convulsões (re)estruturantes, da própria ideia de sociedade, que admite estar em causa a sua subsistência.
A crise sócio-económica e de valores e a inconsistência da frágil modulão social encerram em si a própria decadência do modelo de vida como a conhecíamos até há vinte anos atrás: perdem-se regalias sociais e estabilidade profissional ao mesmo tempo que se verifica que a antiga ordem, na sua falência generalizada, nos lega uma insustentabilidade ambiental incomportável. No longo conflito entre Economia e Natureza perdem os dois!

A Vila de Brito
Brito é uma freguesia do Concelho de Guimarães, elevada a Vila em 19 de Abril de 2001. Com uma população de cerca de 6 000 habitantes - em que 57,6% é activa (Censos 2001) • apresenta uma área de 614 hectares.
A Vila encontra-se numa situação algo privilegiada de 'encontro' entre elementos naturais e vias, nomeadamente o Rio Ave e a Estrada Regional 206 (anteriormente EN206), ambos importantes na tradicional organização económica - o primeiro pela importância na fixação das indústrias, o segundo porque ligando Guimarães e Famalicão sempre permitiu um grande intercâmbio entre importantes áreas industriais. Destes eixos primordiais partem também as ligações regionais através das auto-estradas A7 e AH; a ligação à zona industrial do sudoeste do Concelho, nomeadamente à Vila de Serzedelo através da via 'Brito-Pevidém'; e a ligação à mais antiga e simbólica Vila -Taipas - através da EN310. Com cerca de 7km de distância ao centro urbano tradicional de Guimarães, Brito encontra-se numa 'encruzilhada' de Vilas curiosamente 'alinhadas' no eixo Noroeste - Sudoeste do Concelho e das quais fazem parte Taipas, Pevidém e Ronfe, citando as mais próximas. Esta proximidade com outras "nuclearizações" urbanas e com as principais acessibilidades do Concelho denotam um potencial inerente àquilo que (quase) se poderia denominar um 'cluster de vilas', em que todas elas detêm um potencial produtivo assinalável.
Este potencial, hoje em reequacionamento devido á acentuada queda do sector industrial tradicional no panorama regional, rapidamente vai procurando alternativas - não é de todo um acaso a projecção de um interface terciário estratégico - comercial e de armazenagem - em Silvares; assim como a concretização do "Espaço Guimarães", centro comercial de última geração em que é prevista uma ampla área verde de tratamento qualificado como mais-valia trazida pelo investimento privado; bem como a projectada acessibilidade estruturante Pevidém - Silvares - Ponte - Parque de Ciência e Tecnologia "Avepark". Com todos estes acontecimentos concentrados lado a lado com Brito, a Vila ocupa um lugar que, obviamente, sentirá (para o bem e para o mal) as repercussões desta readaptação do tecido produtivo e, sobretudo, a optimização das plurifuncionalidades que abarca.
Estará esta freguesia-Vila preparada para o impacto previsto? Deterá ela as condições qualitativamente desejáveis/necessárias para receber as novidades? Tal como outras localidades do Vale do Ave, na 'fúria' de crescimento dos últimos trinta anos "recepcionou" marcas e estruturas em quantidade e condições consideradas mínimas para potenciar a Produção - mas não a Qualidade essencial para a sua total fruição. A densa rede viária existente herdada de todo esse período (a título de exemplo e porque é condição sine qua non para o bom desenvolvimento das regiões) parecerá suficiente para assegurar as hiperiigações indispensáveis à vida actual. Mas este é um pressuposto que se revela errado!
Este é o enquadramento da intervenção e suas condicionantes mais generalistas. É aqui que entramos!

1 - Caracterização do problema
O Vale do Ave e, no caso, o Concelho de Guimarães vêm desde o início dos anos 80 a colocar em prática instrumentos de Planeamento reguladores do crescimento urbano. Consubstancializado no P.D.M. de 1994 - agora em revisão - esta forma de Planeamento visa, sobretudo, gerir a ocupação do território numa perspectiva simultaneamente estratégica e 'doméstica' no que toca a acessibilidades, construção e preservação, tendo como matriz primeira e enformadora as Áreas de Salvaguarda Estrita definidas numa escala nacional e regional - R.A.N., R.E.N. e Áreas Florestais. No entanto, e fruto das vicissitudes já expostas, há actualmente uma exigência maior e diferente em termos de Planeamento - além da gestão clássica e dicotómica produção/consumo, construção/paisagem, a 'nova sociedade' traz consigo necessidades menos materiais sem, no entanto, deixar de encerrar igualmente as tradicionais.
Na ânsia da Construção e Produção foram esquecidas e anuladas as respostas a algumas necessidades hoje consideradas básicas - a legibilidade, a identidade, a ritualização, o sentido comunitário, a tradição, os costumes.
Os acessos aos núcleos principais de Brito fazem-se pela EN301 - que é, sobretudo, importante pela acessibilidade à área central tradicional onde estão localizados a Igreja, o Salão Paroquial e a Sede da Junta de Freguesia - e pela EM (rua de S. João Baptista) que, pelo lado oposto da freguesia, interliga a EN210 ao novo Parque da Vila e à zona dos novos equipamentos (Piscinas, Campo de Futebol, Centro Social). As duas vias, partindo de posições opostas na geografia da Vila, descrevem um arco e 'abraçam' os seus núcleos fulcrais.
2 - Caracterização do existente
Tradicionalmente constituída pôr quintas não senhoriais, onde predominava o cultivo de milho e leguminosas, verifica-se hoje o abandono do Campo e a subsistência de pequenas hortas particulares. A configuração resultante da secundarização da economia produtiva levou à decadência da paisagem rural - hoje quase completamente inactiva e votada ao abandono.
A evolução dos últimos vinte/trinta anos conferiu à Vila a sua fisionomia actual. Não deixando de apresentar uma ocupação difusa, a freguesia possui uma nuclearização que se poderia caracterizar de "bi-céfala'. Entre uma área mais antiga e outra mais recente, estende-se uma 'língua' territorial de separação, antigo cenário da vida rural, que é uma espécie de coluna dorsal da freguesia e palco de uma recente intervenção - O Parque da Vila.

3 - Diagnóstico
A dupla nuclearizaçâo das áreas funcionais onde decorre o essencial da vida urbana, levam à conclusão de que Brito, apesar de bem servida quantitativamente, não é ainda consistente enquanto o usufruto de uma verdadeira centralidade num meio difuso - a complementaridade dos seus dois centros não é plena e funcional.
Perante este quadro verifica-se que:
- há um centro religioso cujos espaços exteriores imediatos não têm a qualificação devida;
- há um centro desportivo e social sem espaços exteriores de fruição qualificados;
- há uma relação deficiente entre os dois centros, motivada pôr uma capilaridade quase inconsistente de vias.
Além disto verifica-se ainda que:
a) as acessibilidades são deficientes, não ritualizadas e não denunciam as "novas mobilidades";
b) as principais vias de acesso não têm o perfil e o enquadramento satisfatórios, sobretudo no que se refere à circulação de transportes colectivos e/ou de maior dimensão;
c) não há uma verdadeira potencialização da pluralidade paisagística e histórica da Vila.
4 - Acções prioritárias
Segundo estas premissas parece ser fundamental a reestruturação da Vila segundo um eixo qualificado que una e sintetize as suas vertentes simbólica, histórica, construtiva e paisagística. Nesse sentido, propõe-se uma via nova como principal acessibilidade e elemento articulador dos 'dois centros', simultaneamente redefinindo o núcleo fulcral da freguesia e unindo os tecidos urbanizados mais recentes, com um grande parque comunitário como elemento central. Esta via e as suas interligações deverão constituir-se como a coluna dorsal da Vila, partindo da R206 (junto à estação de abastecimento) e passando pela Área Industrial, pela Área Rural Agrícola, pêlos núcleos sobreviventes da ruralidade e pelas novas zonas urbanas, seguindo esta mesma ordem. Neste percurso heterogéneo não serão esquecidos os enfiamentos visuais identificativos da centralidade em que participa, nomeadamente a Igreja e o Parque existente.
Os traços mais gerais da proposta são:
- Criação da via estruturante e sequências inerentes - novos troços, reperfilamentos, rotundas, repavimentações, condicionamento de acesso automóvel, eto.;
- Criação de um novo e extenso parque comunitário, que inclui uma pista de cicloturismo, percursos de peões e equipamentos; prevê-se a continuidade de alguma actividade agrícola.
- Criação de novas frentes urbanizáveis complementares à funcionalidade do Parque;
- Reformulação viária e do sentido comunitário na área envolvente à Igreja (a nova centralidade transforma a Igreja em espaço físico central onde os acontecimentos envolvem todo o edifício e respectivo adro);
- Redefinição da ligação existente entre a zona da Igreja e a zona da Capela de S.ta Helena e Junta de Freguesia e, no lado oposto, o cruzeiro.
5 - Estratégia
A presente proposta visa, sobretudo, unir as 'pontas soltas' de uma Vila que possui os elementos em potencial, mas não completamente potencializados. Procurando atingir a qualidade que lhe permitirá enfrentar positivamente os desafios futuros, conta com os seus habitantes e proprietários para a boa concretização destas ideias.
Neste sentido, e de modo a permitir a viabilidade económica do grande empreendimento, propõe-se novas áreas de estruturação urbana estrategicamente apontadas nas áreas de desenvolvimento das novas vias e atravessamentos. O diálogo entre público-privado e as decisões político-administrativas sobre o território, que serão da iniciativa e responsabilidade dos organismos de decisão competentes, serão fundamentais para a realização bem sucedida deste desiderato.
Características técnicas especificas
Nova Via estruturante:
Perfil tipo - faixa de circulação automóvel 7,5m (0.5+6.5+0.5), pista de cicloturismo (2.5m) e passeio pedonal (2.5m) e
A área a ocupar no desenvolvimento da via é de 980 m lineares + 350 m lineares. A pavimentação deverá ser avaliada em projecto posterior.
Vias adjacentes - perfil tipo -1.5 + 6.0 + 1.5m A pavimentação deverá ser permeável.
Área envolvente á Igreja e Praça Central
Pretende-se a "reunificação" de elementos urbanos, nesta fase, quase imperceptíveis no seu relacionamento.
A Igreja, como elemento central e congregador de muitos dos acontecimentos sociais, será o elemento orientador em todas as direcções do desenho. Neste sentido ir-se-á unificar Praça, Igreja, Capela, Cruzeiro e, a tardoz da Igreja o Parque/Feira semanal.
Cria-se neste ultimo espaço a alternativa ao necessário estacionamento da área central. A pavimentação deverá ser em lajeado de granito preferenciando o uso pedonal e constrangendo de forma sensível o tráfego automóvel. Os perfis serão, nesta área, adaptados a cada circunstância - conforme desenhos.

O Parque
O Parque da Vila, como elemento agregador, coluna dorsal complementado pelo sistema viário adjacente, propõe a continuidade do espaço verde qualificado já em funcionamento. Aqui, neste espaço multifacetado de cariz urbano/rural pretende-se a manutenção de algumas actividades agrícolas assim como as demais valias da vida contemporânea admitindo-se: via de cicloturismo, circuitos de manutenção, hortas pedagógicas, espaços agricultados, equipamentos de apoio muito pontuais (bares/esplanadas).
Este espaço deverá ser fruto de um estudo paisagístico e de ordenamento que potencialize todas as possibilidades e tradições aí integradas sendo fundamental a protecção e valorização da linha de água que atravessa todo este pequeno Vale.
Frentes construídas
Presente nos desenhos que constituem a proposta, são indicadas várias construções com diferentes tipologias de ocupação privilegiando no entanto algumas pré-existências como um núcleo rural que se pretende defender.
As capacidades construtivas prendem-se com a necessidade de dotar o parque de uma frente urbana qualificada e, ao mesmo tempo permitir com isso, as necessárias contrapartidas aos proprietários para eventual cedência ao domínio público das áreas que constituirão o Parque.
Em todo o restante, não devidamente explanado neste pequeno relatório, remete-se para os desenhos constituintes deste estudo.
As demais especificações e pormenorizações deverão ser objecto de estudo mais aprofundado e noutra fase de desenvolvimento de projecto."


Guimarães, Junho de 2008
Paulo Pacheco, Arquitecto

2 comentários:

Unknown disse...

Hoje, numa tentativa de coser o somatório de erros feitos ao longo dos tempos, apresentou-se o “projecto da Nova Centralidade da Vila de Brito”, que segundo o autor, “pretende criar uma nova centralidade para a Vila”. E é aqui que começa mais um erro que a Vila poderá vir a assistir mas desta vez não será tão calma e serena.

Entendemos que criar uma nova centralidade para a Vila de Brito não é a melhor solução para os problemas existentes. Uma das principais questões que se identifica claramente na Vila, é que os equipamentos estão divididos em duas áreas muito próximas, mas fisicamente não estão fluidamente ligadas. Logo, a solução passaria por unir estas duas áreas e não criar uma terceira, que é a que a proposta propõe.

Para o centro, que o autor identifica como “centro tradicional” da Vila, o lugar onde se encontram os equipamentos com mais significado e uso por parte da maioria da população, Igreja, Feira Semanal, Sede dos Escuteiros, Salas da Catequese, Salão Paroquial, estendendo-se à Capela de St. Helena e Sede de Junta de Freguesia, é prioritária a consolidação das estruturas, a reorganização e unificação desse mesmo espaço público envolvente, isto, antes mesmo de qualquer outra opção. Nesta linha de raciocínio, com igual importância e dimensão, deveriam ser tratados os eixos viários mais importantes, atribuindo-lhes a escala.

Sobre o centro desportivo e social, Escolas Primárias, Centro Social e Campo de Jogos, entendemos que a reorganização da circulação é pertinente. O que é para a JSD Brito incompreensível é a proposta de mais mancha urbana, acabando por retirar a hipótese de crescimento do centro desportivo e social, podendo acabar mesmo, num futuro próximo, a asfixiar este mesmo centro.

Da proposta, percebe-se claramente uma ligação mais fluida ao novo parque da Vila, “à nova centralidade”, centralidade essa que não apresenta nenhuma zona de recepção, e uma vez apontada a intenção por parte do autor, seria de extrema importância a criação de uma praça.

A nova via assumida como a principal acessibilidade, tem um desenho sinuoso, pouco orgânico. Sendo uma das fronteiras do Parque, deve ter um desenho mais suave e integrado na natureza e meio envolvente. A fronteira com o parque não existe, ou melhor, não existem momentos de entrada ao longo da via, pontos de acesso e estacionamento, para que se possa chegar a vários pontos do parque, estacionar e ir usufruir da natureza.

Por fim, notamos ainda a falta de ligação pedonal entre os dois parques: o novo e o existente. O que se verifica na prática é a criação de uma quarta centralidade…

Com este contributo, a JSD Brito procura servir de uma forma racional e responsável os interesses dos Britenses. Queremos ajudar a construir uma Vila melhor para todos e com capacidade de crescer de uma forma estruturada e sustentada no tempo. Só assim se evitarão impactos negativos na vida dos cidadãos de Brito.

Parece-nos ser este tipo de participação activa na discussão do futuro da Vila de Brito, a melhor forma para evitar no futuro transtornos devidos a uma vontade de desenvolvimento desenfreado que pode redundar em fracasso no caso de não se ponderarem questões importantes sobre o crescimento da Vila em tempo oportuno.

Este é o tempo certo para intervir e participar na discussão deste projecto de uma “nova centralidade da Vila de Brito”. Estaremos, como sempre estivemos, disponíveis para esclarecer algum ponto deste documento que posso levantar dúvidas.

Luís Vidal

Anónimo disse...

O caricato destes comentários é que as pessoas escrevem mas no momento certo do debate, para apresentar propostas de mais valia para o projecto não apareceram.